Já sentiu a sensação de perder algo que nunca teve ou uma pessoa que nunca foi sua?

Hoje acordei com esse sentimento... uma dor profunda de perda. O pensamento fixo em uma pessoa que na verdade nunca foi minha, ou melhor, ainda não tomou posse da minha total dedicação, vira e mexe e o vazio lá, contendo somente uma imagem e nada mais. Olho para o telefone e fico na dúvida se ligo ou se deixo pra lá. Por que será que coisas desse tipo acontecem? Qual seria a verdadeira explicação, plausível, de uma idéia que surge de um desejo e que na verdade não passa do campo das idéias? Não sei se entendem isso, mas tenho sofrido demais com essa perda fictícia, simulada pela mente.
Engraçado é que na noite anterior conversava com uma pessoa que sofria pela perda de um grande amor. Ao longo de tanto bate-papo e tantas histórias, risos e lágrimas, vislumbro alívio e agradecimento pelas palavras que eu transmitia de força e superação através de uma ferramenta da internet, o msn. Nas estranhas sensações que sentia hoje lembrei de um trecho que li, o qual falava claramente o que consegui ontem fazer pela pessoa que conversava, escrito por Rainer Maria Rilke no livro de James W. Jones por título A Descoberta do Verdadeiro Eu, que dizia o seguinte:
"Não creia que aquele que agora o consola vive despreocupado entre as palavras simples e brandas que às vezes lhe fazem bem. A vida dele tem muitas dificuldades e tristezas e é muito pior que a sua. Fosse de outra maneira, ele nunca teria sido capaz de achar aquelas palavras".
Acho que é verdade, e agora solto um pequeno riso, não sabemos falar e nem atingir às pessoas se não conhecemos o verdadeiro sentido das palavras que lançamos ao outro. Concluo que o vazio nem sempre é sinal de perda, pode ser também um grande ganho quando percebemos o quanto é importante sabermos que precisamos do outro para vivermos bem e com alegria. A falta pode nos impulsionar a fazer aquilo que é justo, motivar uma ação de coragem e confrontar o sentimento de perda com o de busca.
Liguei e falei!!!!